Bombos, Copos e Aventuras

Cheguei a Viana do Castelo todo lampeiro, pronto para enfrentar a famosa
"Festa da Agonia"
Ia munido de paciência, curiosidade e protetor solar de factor 500, porque o sol parecia contratado para assar os turistas.
Esperava lágrimas, dramas, talvez um rapaz aos chutos porque perdeu o balão na festa.
Mas afinal… nada.
Estava tudo normalíssimo: bombos a estrondar como se o apocalipse fosse patrocinado pela percussão, copos a tilintar como se cada cerveja fosse um brinde à eternidade, e gente a rir.
Parecia tudo feliz — o que é uma falta de respeito tremenda numa festa chamada "agonia"
E eu ali, feito protagonista, com cara de quem perdeu o autocarro e o orgulho ao mesmo tempo.
A certa altura pensei: Mas afinal… a agonia sou eu!
Passei o dia inteiro debaixo daquele sol assassino, à espera do momento alto:
um escândalo, alguém a cair por cima das mordomas, ou pelo menos um ex-casal a trocar insultos na rua.
Mas não. Nada.
O auge da emoção foi um tipo a servir tremoços com tanto zelo que parecia estar a negociar pedras preciosas na Bolsa de Nova Iorque.
Também caricato, e nada agoniante, foi uma senhora à procura dos dentes que saltaram com o estrondo dos tambores.
No fim, percebi: a festa pode ter nome de tragédia, mas o único drama foi eu ter ficado à espera dela.
Moral da história? Às vezes a maior agonia é sobreviver ao tédio com cara séria, enquanto toda a gente à volta parece divertir-se como se tivesse descoberto a cura para todos os males.
Se calhar até houve milagres… e eu estava demasiado ocupado a fritar ao sol.
Conclusão: voltei com mais vitamina D, está claro, mas sem histórias engraçadas para contar.