Braga, História Sem Fim:O Império das Trotinetes

Enquanto noutros países estas maravilhas da engenharia caíram em desuso — "Pfft, que perigo!", dizem os estrangeiros — em Braga, elas estão a viver o seu auge.Aqui, a moda pegou como pão com chouriço numa romaria.
Ninguém parece notar o perigo que estas máquinas silenciosas representam.
De repente, de cada esquina surge uma trotinete, pilotada por um corajoso, que acredita estar a comandar um Fórmula 1. "Vrrum, vrrum!" gritavam uns, enquanto passavam a 10 km/h, com o vento (fraco) a bater-lhes na cara.
O ponto alto do dia é ver um cidadão tentar parar na Rua do Souto. O problema? As trotinetes não têm travões decentes, e há sempre uma multidão distraída, fixada em rezar o terço ou a olhar para o telemóvel.
O nosso herói acelera, grita 'Com licença, Nossa Senhora!' e desvia-se, por milagre, de um grupo de freiras que saía da missa.
Todas respiram fundo e, estamos bem!, pensam que foi obra divina.
As reuniões na Câmara tornaram-se hilárias. Um vereador sugeriu criar uma faixa exclusiva para trotinetes — só que em Braga as ruas são tão estreitas que isso implicava transformar a faixa de rodagem dos carros em pista de rally para trotinetes.
Os turistas? Esses é que adoram. Andar de trotinete em Braga é como participar num jogo da vida real.
Tentam desviar-se de buracos, escapar a beatas e, ocasionalmente, fazem "cavalinhos" involuntários ao passar sobre um paralelepípedo mais solto.
Quem chega de fora jura que o maior perigo de Braga são as ladeiras — mal sabem que o verdadeiro desafio é sobreviver às trotinetes.
E assim, a cidade de Braga, fiel às suas tradições, continua a investir neste meio de transporte inovador, sem se aperceber que um dia alguém se vai lembrar de chamar a trotinete de "arma branca".
Enquanto isso, nós assistimos ao desfile, entre risos e rezas, numa cidade onde a história, de facto, não tem fim... nem travões.