Entre Cães Fiéis e Gatos Oportunistas

18-08-2025
O Cão, a Psicóloga e o Gato


Ontem fui passear a Anita, e cruzei-me com uma senhora que já me era familiar.
 
Bom dia! Tudo bem? 
E uns metros de conversa e eu, meio confuso da memória, arrisco:

— Acho que já falei consigo noutro dia… disse-me que era veterinária, não?

Ela corrige, séria mas com um sorriso:

— Não, sou psicóloga.
 
Há peço desculpa!

E a conversa seguiu, leve, até que surge um cãozinho só com três patas, simpático e atrevido.
Eu conhecia-o de vista, logo aparece o dono com mais dois cães, dá bom dia e segue.

Eu, espantado, pergunto à senhora:

— Então o homem vai embora deixa o cão aqui?

E ela, muito tranquila:

— Ah, ele gosta mais de mim! Depois levo-o no carro para casa dele.
 E a
té acrescentou:
— Eu gosto muito dos cãezinhos, são os melhores amigos, sempre fiéis.

Foi aqui que a minha veia analítica se manifestou. Não resisti:

— É verdade, mas olhe… a fidelidade dos cães é até certo ponto.
Se o dono os tratar mal e o vizinho lhes der comida e carinho, eles mudam de dono. 
 
Continuam a lembrar-se do primeiro, mas são mais fiéis ao segundo.

Eis que a senhora, sem pestanejar, dispara:
— Isso reflete-se mais nos gatos.

Pronto. Eu fiquei meio tonto.
Não por causa da resposta em si, mas porque tinha ali, diante de nós, a prova viva: um cão que já tinha escolhido a aquela senhora em vez do dono!

Moral da história?

Talvez os cães não sejam assim tão diferentes de nós. 

A fidelidade existe, sim, mas também precisa de comida, carinho e reconhecimento.

Se calhar, no fundo, somos todos um bocadinho gatos disfarçados de cães.


Se Freud tivesse um Golden Retriever, talvez nunca precisasse de divã — afinal, ele teria percebido que todo trauma complexo se resolve com um biscoito e um carinho na barriga :)

 


 

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