Galo de Barcelos

O Galo de Barcelos - Lenda, Justiça e Mistério
O caso era sério: alguém tinha desaparecido com o vinho da taberna do Zé, e todos os dedos apontaram para um pobre galego de passagem pela cidade. "Foi ele!", gritavam no mercado, enquanto o homem jurava inocência. A justiça da época era rápida (e nem sempre justa), e o galego estava prestes a ser condenado à forca.
Desesperado, o galego apontou para Tinoco, que passava ali a apanhar migalhas, e disse:
"Se sou inocente, este galo há de cantar mesmo depois de assado!"
O juiz, meio cético e talvez já com umas taças de vinho verde a mais, achou graça e aceitou a aposta. Tinoco foi logo apanhado, depenado e posto na brasa. Enquanto o galego aguardava sua sentença, todos na praça esperavam pelo canto impossível do galo.
E não é que, quando o cheiro de frango assado começou a tomar conta do ar, Tinoco deu um "Có-có-róó-cóó!" tão estrondoso que até o sino da igreja tremeu? O juiz caiu da cadeira, os bêbados da taberna acordaram, e o galego foi solto imediatamente, enquanto o povo gritava:
"Milagre! É o Galo Sagrado!"
Tinoco, que aparentemente era duro na queda (e resistente ao calor), virou herói, recuperou as penas e viveu por longos anos na Cidade de Barcelos.
O Tio Manel, orgulhoso, aproveitou a fama e passou a vender Galos de Cerâmica para os turistas, com a história devidamente documentada para valorizar o preço.
Desde então, o Galo de Barcelos tornou-se um símbolo de Portugal, e de justiça, e – claro – da coragem de um galo que, com ou sem vinho, deixou sua marca na história.